Como a tecnologia “Blockchain” vai mudar o mundo e as nossas vidas

O Bitcoin, entendido como dinheiro ou bem transacionável, tem concentrado a maior parte da atenção no universo da tecnologia do dinheiro digital. Agora, no entanto, as atenções estão a ser direcionadas para o Blockchain – o banco de dados público descentralizado usado para registar as transações Bitcoin.

De acordo com os especialistas, a tecnologia Blockchain será tão importante para o mundo, como a imprensa de Gutenberg. Uma nova revolução, um passo em frente no processo evolutivo da humanidade, já que, pela primeira vez na história, podemos imaginar como o mundo se poderá movimentar sem depender de  intermediários.

Enunciamos quatro formas, de certa maneira, inesperadas, de como o Blockchain pode mudar o mundo e as nossas vidas:

1. Armazenamento na nuvem descentralizado

Nelson-MandelaO Blockchain já foi manipulado para armazenar informações de maneiras não previstas. Um truque de armazenamento permite o envio de pequenas quantidades de Bitcoin para endereços que representam informações, quando convertidos para um formato Unicode. Por exemplo, a imagem acima de Nelson Mandela é um exemplo de como alguém codificou os dados e realizou uma operação Bitcoin, fazendo com que os dados da imagem tivessem sido armazenados no Blockchain. Na ligação da imagem é possível verificar como é que isso foi feito e como é que os dados criptografados podem ser revertidos até reaparecer a imagem.

Além de ser um hobby para cromos na internet, o armazenamento de dados Blockchain poderá ser disruptivo. Os atuais serviços de armazenamento na nuvem são centralizadas, o que obriga os utilizadores a terem que confiar, cegamente, no serviço que lhes armazenas os ficheiros. Com o Blockchain, esse poderá ser menos um problema. O projeto Storj, (sobre o qual publicamos recentemente um artigo) por exemplo, pretende usar a tecnologia Blockchain para armazenar dados de uma forma descentralizada, melhorando a segurança e diminuindo a dependência de terceiros. Além disso, o projeto prevê que qualquer pessoa possa disponibilizar, alugar, o excesso de armazenamento que possua em casa, ganhando com isso algum dinheiro, criando asim novos mercados.

De acordo com um dos fundadores do projeto Storj, Shawn Wilkinson, “basta usar o excesso de espaço nos discos rígidos existentes para que os utilizadores possam ter à disposição 300 vezes mais capacidade de capacidade disponível de armazenamento na nuvem”.
Considerando o mundo gasta 22.000 milhões dólares em armazenamento na nuvem, isto pode abrir a porta a uma boa fonte de receita para os utilizadores médios, reduzindo significativamente o custo de armazenamento de dados para as empresas e utilizadores pessoais.

2. Os contratos invioláveis

ethereum O “smart contracts“, contratos digitais ou contratos inteligentes são protocolos informáticos, auto executáveis, que facilitam, verificam e fazem cumprir um contrato sem necessidade de ter uma cláusula contratual ou de um juiz. Na sua essência, estes contratos automáticos funcionam como a instrução “if-then” (se-então) de qualquer outro programa de computador. Com a diferença de que se realiza de uma maneira que interactua com ativos reais. Quando se proporciona uma condição pré-programada, o contrato inteligente executa a cláusula contratual correspondente. Estes contratos têm como objetivo reforçar a segurança das leis dos contratos tradicionais, reduzindo os custos e aumentando a sua segurança.
A plataforma que está mais à frente nesta nova metodologia é a Ethereum (uma plataforma descentralizada para aplicações), que procura utilizar esta tecnologia mais próxima da realidade. Além disso, como os dados armazenados no Blockchain não podem ser adulterados, contratos básicos, como casamentos, vão poder ser registados na rede, abrindo-se assim um mundo de novos domínios onde esta tecnologia poderá ser utilizada com amplas vantagens.

3. Prova de existência ou o fim das patentes

prova_existenciaA plataforma ProofOfExistence.com (PoE) lançou já serviços jurídicos básicos que já podem ser usados. A sua tecnologia permite que um produto não financeiro fique registado no blockchain tornando-o assim infalsificável. Por exemplo, uma empresa, como a Apple, pode querer registar que criou uma tecnologia numa determinada data, sem a apresentação de um pedido de patente publicamente conhecido. Ao fazê-lo com esta tecnologia garante desde logo ter sido a primeira, independentemente do seu registo nos circuitos oficiais, poupando nos custos inerentes, o que na prática, tornaria o registo de patentes, tal como o conhecemos hoje, uma coisa obsoleta.

4. Votação Electrónica

A automatização da contagem dos votos de papel é um problema não apenas de tempo mas também de custos e de “verdade”.
A aplicação de novas tecnologias nos sistemas eleitorais tem sido alvo de muita desconfiança por serem alvos fáceis dos hackers que, maliciosamente, poderão alterar quaisquer dados, adulterando o sentido dos votos.internetvote
Mais uma vez, o Blockchain vem resolver esse problema porque cada transação é criptografada. Isto é, no caso de uma eleição, cada voto será criptografado e a potencial adulteração de um voto exigiria a mudança de milhões de votos antes de outro voto poder ser lançado. A rede é protegida pelo simples facto de que ninguém tem o poder de computação suficiente para reescrever tantos votos. Um hacker precisaria de possuir 256 vezes mais poder de computação do que a soma dos 500 mais poderosos supercomputadores do mundo.

Esta tecnologia, através do seu “pseudoanonimato” permite que cada voto seja compartilhado publicamente, sem a identificação do eleitor. Desta forma, cada eleitor pode verificar se o seu voto contou efetivamente. A democracia agradece.

Deixe um comentário

Design a site like this with WordPress.com
Iniciar